Confesso, me sinto livre dessa forma. Sumir por um período, sumir por dias. Enfim, ser só. Sem contato com o caos exterior. Tentando comunicar-me com o interior, o meu Eu. "Eu não sei, na verdade, quem eu sou" - proferiu um compositor. E, de suas palavras, me sinto dona pois, sobre mim, nenhuma verdade é dita. Todas as linhas em meu rosto, todos as cicatrizes de minhas memórias, todo esse silêncio revelam minha pequenez diante do "ser". Sou o entrelinhas de minhas ações, sou a sutileza de minhas palavras. Não sou o todo. Sempre me falta o "ser". Para quê "sou"? Se ainda o sou!
Sobre o gramado recém molhado pela chuva que brandou sem receios, sobre meus fardos, configuro meu olhar para o céu, paradoxalmente, estrelado. Inundado pelo silêncio. Silêncio que, a mim, desejei por meses. Essa liberdade que me permiti sentir. Livre da senhora loucura disfarçada entre sussurros e delírios diante da multidão. Multidão reduzida ao nada. Ali estou só.
Ali eu sou. Sem compromissos: ali me fiz.
Posso sentir o brilho espelhado, pelas estrelas, em meu olhar. Posso sentir o arder de minhas emoções. Posso gritar o socorro que sempre pedi. O desespero de minhas decisões. De braços abertos, sinto. Sinto. Rodopiando, posso retirar de mim o que não sou. Arrancar a pele que me protege. Que não me deixa "ser". Que transforma meu "ser" em "querer".
Me sinto viva. Viva de mim. Cheia de "mins". O plural que sou. Longe de olhares desconfiados. Dançando sem música. Livre. Sem rótulos, sem julgamentos pré-estabelecidos.
Ali sou.
Ali me fiz.
Amanda Laryssa
8 comentários:
Essa questão de se encontrar me lembrou bastante o livro/filme Comer, Rezar e Amar. E sempre tenho essa vontade de ficar só comigo mesma pra ver se consigo respostar íntimas para dúvidas sobre mim mesma.
Recebi seu comentário no texto sobre o direito de estar triste, respondi-o lá, mas creio que o Blogger não notifique quando um comentário é respondido. Então vou responder por aqui também, por via das dúvidas, haha. Claro que pode postá-lo no Facebook, é só creditar com o link do blog, ou da Fanpage ou só meu nome mesmo, como você preferir. Inclusive agradeço pela divulgação ;)
Beijão
Odeio quando eu gosto tanto do texto que fico meio sem o que comentar rs
Simplesmente fantástico. E me identifiquei com a sua escrita, apesar de ser parte do grupo dos ""Eu não sei, na verdade, quem eu sou"" rs
Esse lado da solidão que nos permite olhar além de nós mesmos e significar de forma infinita e "irresumível" todos os nossos silêncios e palavras, os sentimentos e o que mais temos por dentro, por fora e além.
Confesso que nunca me coloco em solidão porque sinto em mim há tantas outras, que sempre nunca me sinto só, mas às vezes me sinto livre. Troco a palavra solidão por liberdade.
Belo texto, não sei porque mas me deu uma enorme vontade de sair na chuva. hahaha
Beijos.
eraoutravezamor.blogspot.com
É bom sentir-me compriendida mas estes não são pelos melhores motivos, espero tudo de bom e obrigada
Poste logo, menina! Saudades daqui.
Me identifiquei totalmente. Acho que sou feita disso, desses silêncios, dessas buscas internas. Adoro a solidão, porque ela traz todas as respostas consigo ou as maiores dúvidas. E é reconfortante.
Não sei, sinceramente, fiquei sem palavras diante de tanta identificação.
Achei fantástico. Mesmo.
Beijos
a solidão me preenche e me consome, e às vezes ela é megera. ;)
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